Dengue: saiba por que o tipo 3 é motivo de preocupação em 2025

A baixa circulação dessa cepa nos últimos anos pode deixar a população mais vulnerável à infecção neste ano e causar quadros mais graves

O sorotipo 3 da dengue já responde por quase metade dos casos registrados em 2025 no Brasil. E isso vem gerando preocupação entre os especialistas pelo risco de causar mais infecções e quadros graves da doença.

Existem quatro subtipos de vírus causadores da dengue. Desde 2008, o tipo 3 circula no país em baixíssima frequência (menos de 2% dos casos). Mas essa proporção vem aumentando: em 2024, foram confirmados 116.600 casos do tipo 1, 24.300 do tipo 2 e 2.192 do 3, segundo o monitoramento do Ministério da Saúde em amostras sequenciadas. Neste ano, já foram confirmados 10 casos do sorotipo 1, 184 do sorotipo 2 e 138 do sorotipo 3. O tipo 4 é muito raro.

A circulação do tipo 3 preocupa porque ele praticamente não circulava há muito tempo no Brasil. “Há uma grande parcela da população que não teve contato com ele e, portanto, pode haver aumento no número de casos e também de casos graves”, diz a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Quando uma pessoa é infectada por um vírus da dengue, seu organismo desenvolve anticorpos específicos e ela fica imunizada apenas contra a cepa causadora da infecção.

Se houver uma nova infecção por um tipo diferente, essa imunidade pode ter efeito contrário: em vez de barrar, facilitar a entrada do vírus no organismo, fenômeno que gera uma resposta inflamatória exagerada. Daí porque a reinfecção é um fator de risco para casos graves.

Segundo projeções do ITpS, os números da doença devem seguir uma trajetória ascendente até meados de abril – uma curva similar à do ano de 2022. “O ciclo 23-24 foi muito atípico, com uma explosão de casos antes do início do ano, ainda em novembro de 2023. Muito em função do fenômeno El Niño, que trouxe mais chuvas e temperaturas mais altas que favoreceram a proliferação do mosquito”, explica Brito.

Até último dia 23 de janeiro, foram registrados 101.485 casos prováveis de dengue e 15 mortes, sendo que outros 116 óbitos estão em investigação, segundo o Ministério da Saúde. Os números estão abaixo do registrado no ano passado: nesse mesmo período, já havia quase 200 mil casos. No entanto, os dados de 2025 estão superiores aos de 2023, que não chegaram a 50 mil nos primeiros 22 dias do ano.

Por isso, é importante intensificar medidas de prevenção, como uso de repelente e combate aos criadouros de mosquito. A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, em localidades prioritárias selecionadas a partir do cenário epidemiológico do país.

Fonte: metropoles.com